segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pintura 1

Enquanto aguardo o início do semestre que vem, quando pretendo pegar Pintura 2 entre outras matérias, pensei em como foi o primeiro level de pintura na UnB. Acho que desde os 9 anos de idade eu comecei a fazer curso de desenho e pintura, daqueles lotados de senhoras pintando flores bonitas. Comecei com paisagens de pôr-do-sol-atrás-da-montanha como de prache, e claro com resultados super breguinhas e um tanto vergonhosos. Considero que a minha primeira experiência real (consciente e crítica) com pintura foi na UnB mesmo, quando peguei Pintura 1 com o professor Elder Rocha. Nas primeiras aulas, ele passou um panorama de pintura contemporânea que englobava artista pra caralho – e do caralho também. Exatamento o tipo de aula que te deixa com vontade de estar pintando desde semana passada.

                No final do semestre, além da exposição dos trabalhos práticos, também tínhamos que fazer uma apresentação sobre um/a pintor/a e um resumo de um dos livros da bibliografia. Meu trabalho foi a respeito do Mark Ryden, mais um dos artistas que eu atropelei sem querer e de repente comecei a estudar a sério para alguma matéria (é um evento muito recorrente na minha vida, este). Apesar da minha imensa admiração pela técnica absurda e por todo o universo incrível criado por ele, o que mais me chamou a atenção foram as molduras (desenhadas por ele e produzidas na Tailândia, se não me engano) e acabou que o Mark Ryden apareceu no meu Projeto justamente com os questionamento a respeito de moldura.

Minha atual favorita é essa:



O livro que li foi Arte Contemporânea, Uma História Concisa, de Michael Archer, e aqui estão uns trechos do que escrevi sobre ele:
A forma mais ou menos linear de apresentação forma uma corrente, mostrando desde o início o que os trabalhos dos artistas anteriores fazem desencadear no futuro. A partir de um questionamento da inserção da escultura no espaço, mais tarde veio o questionamento do próprio espaço. O que significa a galeria? O que significa uma obra inserida nessa galeria? Como seria a obra inserida no espaço do mundo inteiro? E isso tudo abriu possibilidades infinitas de atuação, antes restringida a um espaço designado para que a arte fosse  apresentada. Ainda mais: coloca em cheque os colecionadores de arte e das obras como objetos compráveis. Muitas vezes o resultado final do trabalho é apenas o registro. Com a popularização da fotografia e, principalmente, do vídeo nos anos 70 abriu-se outra leva de maneiras diferentes de fazer arte. O foco também se modificou, a obra como resultado final nem sempre era o interesse, mas sim o fazer dela, o pensamento e a conceitualização anterior e o processo e materiais que fazem parte e devem ser aparentes. O próprio artista poderia tornar-se a obra, como no caso das performances. A popularização do vídeo nos anos 70 permitiu diversas formas de apresentação do corpo, fazendo com que a performance não acabasse na apresentação (quando, claro, a intenção era que fosse gravada). O público também não poderia ter uma posição confortável e passiva diante disso tudo, ele era incitado a participar e pensar a obra, pois muitas vezes a obra real está na mente daqueles que a pensam.
(...)
Dentre ficar chocada com algumas atitudes de artistas performáticos e achar cada vez mais inspiradores alguns trabalhos de arte minimalista que antes não gostava muito, o livro também me trouxe dezenas de novas possibilidades. Aceitar que muita coisa já foi feita à exaustão e que, mesmo assim, está sempre pronta para uma nova abordagem traz um horizonte sem limites para o meu próprio trabalho. Muito além disso, tenho toda uma nova responsabilidade como espectadora para carregar. Por ter lido até agora livros que, em sua maioria, tratavam da Arte Moderna para trás, este livro me chamou a atenção para diferentes tipos de questionamentos que eu antes colocava para “pensar mais tarde”.”
Maíra Figueiredo, 2009.

E pra começar a pintar, afinal? Foi difícil, eu não fazia a menor idéia do que fazer, do que raios queria pintar. O professor então falou pra pintar o que a gente gosta, assim como Andy Warhol começou imprimindo notas de dólares, já que ele gostava de dinheiro. A primeira coisa que eu fiz, não surpreendentemente, foi pintar um enorme pedaço de lona de cor-de-rosa, em várias camadas bem aguadas. E daí foi acontecendo...


Até agora não titulada, essa é a maior pintura que eu já fiz, deve ter mais ou menos 1,50m de largura. Não terminei ainda, mas gosto muito dela, toda vez que olho, percebo algo diferente e fico feliz de ter obtido alguns sucessos logo de primeira, como a sobreposição aparente de camadas de cores super transparentes. Ao vivo, claro, dá pra perceber boa parte das cores que eu usei desde o início, que vão de tons de amarelo, verde e azul para rosa, vermelho e roxo. 
Depois fiz pinturas menorzinhas, porque, apesar de ter conseguido chegar a um lugar que me deixou feliz, eu levei tempo demaaais e pra passar na matéria temos que produzir um mínimo de obras (cerca 10 metros de lona). Acho que fazendo maior quantidade, poderia também ter mais possibilidade de descobrir pra onde eu queria ir e, principalmente, poder ouvir mais críticas a respeito. Aqui imagens do atelier de pintura do IdA, um lugar muito bom de trabalhar:





Essas pintura já prontas podem ser encontradas no meu flickr