quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Então eu estava fazendo um trabalho de FEA...

E tem essa parte em que eu, supostamente, deveria fazer "um memorial que explicite um momento marcante em seu processo de ensino-aprendizagem em artes". Não sei se eu fiz exatamente o que a professora quer, e acho que vai soar repetitivo aqui no blog, mas é isso aí:

"Não sei se é possível criar um artista, mas ensiná-lo no sentido da libertação individual, guiá-lo, conduzi-lo, por que não? A necessidade do estímulo é algo que está presente em todos os processos educacionais e de desenvolvimento. No ensino das artes, o estímulo acontece de diversas maneiras. A técnica tem a sua importância, e não raro escutamos que, se você quer ser desenhista, desenhe 3 horas diárias. O aprimoramento da técnica é uma forma de estimular o estudante a ir além de seus limites e, com o domínio da mesma, poder utilizá-la ou distorcê-la a seu favor. O fazer artístico deve ser constante, seja no desenho de modelo vivo ou na elaboração mental de instalações para cada espaço que a pessoa percorre. Durante as matérias Desenho 1 e 2, tudo o que desenhei foram modelos vivos e paisagens e nesse primeiro ano tive um grande desenvolvimento e meus desenhos ficaram cada vez mais parecidos com o real. Mas para quê? E grande foi a minha surpresa de chegar na terceira matéria de Desenho e não ter de desenhar como eu havia aprendido. Ali, nós desconstruiríamos os conceitos, os pré-conceitos e mesmo a folha em branco. Foram propostos alguns exercícios em grupos: fazer o desenho no espaço utilizando uma linha (de lã) e a folha de papel em branco. Agora, o espaço era o suporte e a forma de pensar o desenho nesse novo suporte precisava ser completamente diferente. Pessoalmente, todas as minhas experiências foram bastante estimulantes e resultaram num trabalho final para a matéria que eu jamais me teria imaginado realizar antes dela. Por isso penso também como é importante que haja professores com as mais diversas pesquisas, cada qual poderá surpreender com formas diferentes de olhar o trabalho do “artista em desenvolvimento”. A crítica é também muito importante, tanto a partir dos professores e colegas como a construção da mesma, aprender a criticar um trabalho é mais uma forma de aprender a apreciar uma obra de arte e, quem sabe, até compreendê-la. Outra experiência que me marca continuamente é a produção em ateliers coletivos e as conversas dentro dos mesmos. Durante todas as matérias práticas que cursei, a maior parte do proveito foi compartilhar a produção das mais diversas formas de expressões artísticas, inclusive a de professores. Teoricamente, a disciplina Estética do departamento de Filosofia foi a mais estimulante e avassaladora até hoje. O foco da disciplina foi o Surrealismo analisado por Walter Benjamin e todos os seus desdobramentos estéticos. Apaixonei-me pelo ideal surrealista como falado por Benjamin e ao mesmo tempo passei a detestar as obras de arte produzidas pelos membros do movimento, que penso jamais chegarem à altura do próprio surrealismo. Em Projeto Interdisciplinar, tive experiências de angústia e êxtase ao ser colocado o verdadeiro desafio que é escrever sobre o próprio trabalho. O contato com textos de psicologia da arte contribuíram para um caminho sem volta para a busca do aprofundamento do meu trabalho e idéias. Enfim, pode ser que isso não seja ensinar, de fato, um artista (ainda tenho minhas dúvidas se me tornarei uma ou o que de fato ser um artista implica), mas é certamente possível estimular e instigar o “aspirante”."