segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Cidade de Faro

O caminho em direção à Marina de Faro é cheio de surpresas agradáveis. As laranjeiras estão plenas de frutas, e o contraste entre as cores é tão delicioso quanto o cheiro e o gosto das laranjas.

As rotundas (nosso balões ou rotatórias de carros) têm todas um jardim bem cuidado.

A cidade também é uma mistura de prédios antigos e residenciais modernos.

A Baixa é o centro antigo, com piso desenhado e arquitetura belíssima. 

Rodeamos a Marina a caminho de um lugar ideal para assistir ao pôr do sol. 



E descobrimos que os trilhos do comboio (trem) rodeiam a orla. Como boa brasileiras, tiramos foto em cima, com a bandeira do Brasil, rs. Imagino que as viagens de comboio pelo Algarve devem ter uma vista fenomenal para o mar!


Enfim, ao pôr do sol, uma revoada de pássaros chegou para tomar banho nas águas (geladíssimas, por sinal, assim como o vento). O horizonte e a miríade de cores do céu me fez sentir uma saudade enorme de Brasília, mas as águas refletindo as mesmas cores ajudavam a quebrar a ilusão de estar próxima de casa.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Seminário de Pesquisa Baseada nas Artes,

La Investigación Basada en las Artes & Arts Based Research é um seminário (com certificado de extensão) que está acontecendo essa semana na UnB e tem como objetivo mostrar como a pesquisa científica pode ganhar muito mais amplitude quando utiliza o pensamento crítico artístico. A principal convidada é a Rita Irwin, conhecida pelos estudantes de licenciatura por seus textos sobre A/r/tografia, e presidente da InSEA (International Society for Education through Art).

Ontem, na abertura, ela deu uma breve palestra a respeito do surgimento de organizações internacionais (e não-governamentais) que promovem a Educação pelas Artes. E, devo dizer, é a coisa mais linda da face da terra. O ponto chave todas elas é que a arte é  essencial para a produção criativa, o desenvolvimento sustentável do ser humano e transformação social, pois o aprendizado através das artes é natural para todos os períodos de desenvolvimento do indivíduo. As práticas artísticas de questionamento de seu objeto deveriam ser estendidas para o mundo inteiro, mostrando que estar, pensar e questionar o mundo precisa ser uma experiência vivida plenamente. Enfim, a libertação do ser humano através das artes é uma idéia que existe há bastante tempo e, não surpreendentemente, quem abriu o caminho para essas organizações foi a UNESCO, logo após o fim da II Guerra. Desde então, há a constante construção de uma rede mundial de organizações, possibilitando o acesso a todos os tipos de pesquisas e experiências e promovendo a redemocratização das artes e redefinição da educação artística no mundo. 

A prática artística vivenciada por todos os indivíduos, especialmente em comunidades, traça uma caminho para a criação de coisas novas. E justamente o que é importante é o processo, o estar no mundo dentro de uma perspectiva artística. Sem a pressão para produzir um produto, o processo em si torna-se o mais importante e aquilo que realmente fará diferença para o indivíduo, para a comunidade e para o mundo. 

Não é uma abertura absolutamente empolgante e linda?

Já hoje o Belidson Dias, professor do VIS, falou sobre o mapeamento que ele fez a respeito de Pesquisas Baseadas nas Artes (PBAs) no Brasil. O maior problema aqui é justamente a falta de identificação dessas pesquisas relacionando-as à PBA, emperrando, assim, uma articulação de metodologias e a criação de redes de pesquisa no país. 

Mas, afinal, quais as diferenças de metodologia que diferenciam as PBAs? É justamente a inclusão de características bastante comuns na prática artística, que envolvem incerteza, imaginação, ilusão, introspecção, improvisação, visualização e dinamismo. E isso envolve também um convite ao leitor, que constrói o conhecimento com o processo da pesquisa junto ao autor, participando do evento criativo. Elliot Eisner e Tom Barone, dois pesquisadores norte-americanos, colocaram sete aspectos para a PBA:

1. Criação de uma realidade virtual, em que a pesquisa torna-se palpável.
2. A presença da ambigüidade como estímulo.
3. Utilização de linguagem expressiva, poética.
4. Desafiar a linguagem contextualizada e vernacular.
5. Promover a empatia, a relação entre pesquisador e leitor, abrindo espaço para o diálogo.
6. Demonstrar a autoria pessoal do pesquisador/artista/escritor, isso quer dizer que o autor pode, sim, redigir a pesquisa em primeira pessoa e falar sobre experiências pessoais que sejam pertinentes e que muitas vezes gera o problema a ser pesquisado.
7. Utilização de uma forma estética de apresentação do trabalho (não somente visualmente falando, mas envolvendo todos os sentidos) que esteja relacionada ao conteúdo do trabalho. 

No Brasil, temos algumas organizações que promovem a pesquisa em artes (que é diferente da pesquisa baseada nas artes) e que englobam também as PBAs. A ANPAP é um dos mais importantes promotores de pesquisa, e possui excelente acervo. Dentre alguns autores brasileiros que trabalham com PBA, estão: Sílvio Zamboni, Blanca Brittes, Elida Tessler, Maria Carla G. A. Moreira, Ricardo Basbaum, João A. Telles e Bia Medeiros, entre outros. Enfim, essa foi uma introdução ao mapeamento de PBAs no Brasil, possibilitando, ao menos, um local de partida para as nossas próprias pesquisas.

E lembrando que o Seminário de Pesquisa Baseada nas Artes não tem como público alvo estudantes de Artes, mas sim pesquisadores interessados na metodologia da pesquisa baseada nas artes, que aumenta as possibilidades da prática de pesquisa em praticamente qualquer área de conhecimento.

C'est tout!