Foi uma matéria muito tensa que fiz durante o terceiro semestre (há dois anos, credo). A professora já tinha certa fama de carrasca, mas de ser a melhor do departamento em gravura de metal. Okay, ela foi realmente muito boa professora, mas o final desse semestre foi o mais desesperador de todos os tempos. Para tirar MM, era preciso 5 impressões de cada gravura: um linóleo, duas pontas secas e uma colorida. E não é fácil ter uma impressão decente, principalmente de linóleo (e imagino que xilo seja o mesmo drama). O papel rasga, falta meio milímetro pra impressão ficar completa, existem mínimos detalhes diferentes entre duas de uma série e qualquer errinho meleca tudo. De cerca de 30 impressões que fiz que cada gravura, restaram em média 7 de qualidade passável. No final, fiz duas pontas secas, duas de linóleo (aproveitando frente e verso da borracha, ha!) e uma colorida.
As primeiras idéias pra ponta seca (sobre metal), foram essas:
Acabei fazendo a da ovelha, que não é a minha favorita, mas a professora me convenceu que era a "menos pior" (sim, a maior simpatia). Enfim, não gostei dela, não achei pra escanear, mas ainda tenho a matriz, talvez um dia imprima de novo.
Logo depois parti pro linóleo e depois de muitos e muitos estudos não aprovados, consegui fazer essa:
Tive variados problemas com a mão e a pessoa sendo comida, que funcionava bem no desenho, mas quando impresso não ficava bom de jeito nenhum. Depois de muito quebrar a cabeça, e algumas patadas, consegui mais ou menos ajeitar. A parte realmente difícil do linóleo (e da xilo) é que, como você retira a matéria (ou "abre o branco"), qualquer erro pode acabar com tudo porque simplesmente não tem volta. Além disso, mesmo planejando muito o desenho, torna-se óbvio o quanto as linguagens são diferentes e o que funciona pra um não necessariamente funciona pra outro. Por esse motivo, é muito comum que gravuristas cubram a madeira de preto antes de pensar a imagem, já que você precisa planejar o branco, o vazio, e não o contorno.
Obtive um pouco mais de sucesso com a segunda linoleogravura:
Nessa etapa, já estava muito mais feliz com o que havia aprendido e a segunda ponta seca saiu muito mais rapidamente, com um traço mais seguro e solto. Graças, também, a um instrumento super supimpa emprestado pela professora, que ganhou de um cara que fazia equipamento de dentista. É bem diferente da ponta seca comum, dá um aspecto mais parecido com o de bico de pena e é uma maravilha de se trabalhar.
A gravura colorida, também de linóleo foi feita na maior picaretagem (um catavento com quatro cores) e fiz somente cinco impressões mais ou menos porque trabalhar com mais de uma cor com tinta gráfica é absolutamente infernal e eu não desejaria esse tipo de tortura pra ninguém.
Enfim, fiquei apaixonada pelas técnicas que aprendi e gostei muito mesmo dos meus resultados durante o semestre. No semestre seguinte fui monitora de Introdução com outra professora e aprendi toneladas de coisas novas e incríveis. Uma delas foi fazer gravura colorida com aquarela, como os japoneses fazem aqueles absurdos de gravuras com mais de 50 cores. Acabei não fazendo mais gravura já que nos semestres seguintes me concentrei no desenho e na pintura, mas fazendo essa retrospectiva me deu muita vontade de dar continuidade a esse trabalho. Veremos!